Manejo de adubação da alface Lucy Brown
- A demanda de nutrientes é influenciada por fatores como cultivares e condições de clima e de solo.
- O conhecimento da demanda versus as quantidades disponíveis no solo, permitem estimar a necessidade de fertilizações.
- O entendimento do padrão de absorção ao longo do ciclo é importante para a proposição do manejo correto e alcance da maior produtividade.
A curva de absorção
A demanda de nutrientes é influenciada por fatores como cultivares e condições de clima e solo onde as plantas são cultivadas. Este Manejo em Foco tem como objetivo expor o trabalho realizado para quantificar a extração (demanda) de nutrientes nas condições de campo. É importante o conhecimento da demanda, que confrontada com as quantidades disponíveis no solo permitem estimar a necessidade ou não de fertilizações. Além da demanda, conhecer a curva de absorção é importante. Isso porque a curva de absorção permite ao agricultor/técnico escolher a melhor época e doses dos fertilizantes a serem aplicados. Assim, são aplicadas doses condizentes com a extração da cultura em determinado intervalo de tempo, minimizando perdas no sistema solo-planta-atmosfera e desequilíbrios iônicos no solo. O entendimento do padrão de absorção ao longo do ciclo dos nutrientes por novas cultivares é importante para a proposição do melhor manejo da adubação e alcance da maior produtividade.
Metodologia
A alface Lucy Brown foi semeada em bandejas de onde foram transplantadas para o campo em época apropriada para o material (janela recomendada). A população final foi de aproximadamente 62500 plantas por hectare (espaçamento de 40 x 40 cm), densidade populacional que pode ser aumentada sem prejuízo do material, aproveitamento de 100% (todas cabeças foram colhidas), peso médio de cabeça de 0,556 kg (o peso médio pode ser maior em função das exigências de mercado local). Foram realizadas coletas de plantas aos 13, 20, 25, 34, 39 e 52 dias após o transplante. As folhas foram secas em estufa e levadas a laboratório para análise dos teores de nutrientes.
Resultados e observações
O crescimento do material foi intenso a partir dos 15 após transplante, seguindo até os 30 dias; sendo assim, a maior parte da adubação de cobertura deve ser fornecida preferencialmente ao longo dessa janela.



A quantidade de N utilizada foi correspondente a 7,2 kg por 10.000 plantas; em solos onde há residual de N, sugerimos aplicar 4,8 kg de N por 10.000 plantas e em solos pobres em N, sugerimos aplicar de 7,2 a 9 kg de N por 10.000 plantas. Esse N deve ser aplicado em frações, estamos sugerindo coberturas aos 7, 14, 21 e 28 dias após o transplante. A extração de P2 O5 foi de 1,7 kg por 10.000 plantas, solos com baixa fertilidade devem receber de 22 (solos arenosos) a 35 kg (solos argilosos) de P2 O5 por 10.000 plantas, em áreas com irrigação por aspersão, essa quantidade de P2 O5 pode ser aplicada antes do transplante, em áreas irrigadas por gotejamento, essa quantidade pode ser distribuída em 70% no solo e 30% via fertirrigação.
O K2 O extraído foi de 8,5 kg por 10.000 plantas, seguindo análise do solo local, a quantidade de K2 O a ser aplicada deve ser fracionada e aplicada aos 7, 14, 21 e 28 dias após transplante.
A quantidade de Ca extraída neste campo foi de 3,5 kg por 10.000 plantas, a saturação de Ca deve ser corrigida com corretivos de acidez e também fornecido via adubos como superfosfato simples (sulco de plantio) ou nitrato de cálcio (cobertura). Devemos observar as condições climáticas do local, pois altas temperaturas e tempo nublado podem interferir na dinâmica da translocação desse nutriente dentro da planta e sua suplementação deve ser realizada sempre preventivamente.
A extração de Mg foi de 1,4 kg por 10.000 plantas, a correção do solo com calcário dolomítico e evitar excesso de K garantem uma boa nutrição por Mg. Em solos com alta relação Ca/Mg ou K/Mg pode ser necessária a suplementação com sulfato ou nitrato de Mg (aproximadamente 1,4 kg por 10.000 plantas divididos aos 14, 21 e 28 dias após transplante).
O enxofre foi o macronutriente menos extraído, uma cobertura com fonte nitrogenada com sulfato de amônio já fornece grande parte do S necessário pela planta.
Dos micronutrientes, a extração de B foi de 8,8 g por 10.000 plantas, recomendamos o uso de adubos de liberação lenta ou aplicação distribuída ao longo do ciclo, dado a grande mobilidade deste nutriente no solo. Sugerimos o uso de adubo com mínimo de 0,2% de B no plantio, seguido de 65 a 130 g de ácido bórico por 10.000 plantas por aplicação aos 7, 14, 21 e 28 dias após plantio. A extração de Zn neste caso foi de 10,6 g por 10.000 plantas, que pode ser fornecidos via adubos com 0,3 a 0,5% de Zn no plantio. Em locais que adotam fertirrigação, 130 g por 10.000 plantas podem ser suplementados aos 7, 14, 21 e 28 dias.
Dicas de manejo – IPACER
- Elevar a saturação para 70% na camada de 0-40 cm e Mg para 1,0 cmolc/dm³;
- Elevar o K no solo para 120 mg/dm³ na camada de 0-40 cm juntamente com o processo de correção do solo (calagem). Aplicar na linha de cultivo ou em covas antes do transplante de 2,2 g/planta de P2 O5 em solos arenosos e 3,5 g/planta de P2 O5 em solos argilosos quando a fertilidade em P for baixa. Essas doses podem ser reduzidas em até 50% em solos com alta fertilidade em P;
- Sugere-se que o adubo fosfatado de plantio contenha 0,2% de B e 0,3 a 0,5% de Zn para fornecimento desses nutrientes. Caso o Cu esteja em baixa disponibilidade este deve ser adicionado ao adubo de plantio ao redor de 0,05%;
- Em ambientes com alto residual de N no solo sugere-se aplicar 4,8 kg de N por 10.000 plantas e naqueles mais pobres de 7,2 a 9,0 kg de N por 10.000 plantas. Dividir o N com aplicações no transplante, 7, 14, 21 e 28 dias após o transplante das mudas;
- Para K no solo acima de 120 mg/dm³ aplicar 8,5 kg de K2 O por 10.000 plantas, para K entre 80 e 120 mg/dm³ aplicar 10,6 kg de K2 O por 10.000 plantas e naqueles com menos de 80 mg/dm³ aplicar 10,6 kg de K2 O por 10.000 plantas + 0,25 kg de K2 O por 10.000 plantas para cada 1 mg/dm³ de K abaixo de 80 mg/dm³. Dividir o K com aplicações no transplante, 7, 14, 21 e 28 dias após o transplante das mudas;
- Adicionar via irrigação quatro aplicações aos 7, 14, 21 e 28 dias com 65 a 130 g de ácido bórico por aplicação para cada 10.000 plantas.
- Em fertirrigação é possível complementar Zn (quando a irrigação for gotejamento). Nesse caso, complementar Zn aos 7, 14, 21 e 28 dias com 130 g/10.000 plantas de sulfato de zinco (20% de Zn).
Fontes
¹ IPACER - Instituto de Pesquisa Agrícola do Cerrado. 2021. Curva de absorção da alface americana Lucy Brown – Maio 2021. Rio Paranaíba, MG.