Manejo de adubação da couve-flor Barcelona

  • A demanda de nutrientes é influenciada por fatores como cultivares e condições de clima e de solo.
  • O conhecimento da demanda versus as quantidades disponíveis no solo, permitem estimar a necessidade de fertilizações.
  • O entendimento do padrão de absorção ao longo do ciclo é importante para a proposição do manejo correto e alcance da maior produtividade.

A CURVA DE ABSORÇÃO

 

A demanda de nutrientes é influenciada por fatores como cultivares e condições de clima e solo onde as plantas são cultivadas. Este Manejo em Foco tem como objetivo expor o trabalho realizado para quantificar a extração (demanda) de nutrientes nas condições de campo. É importante o conhecimento da demanda, que confrontada com as quantidades disponíveis no solo permitem estimar a necessidade ou não de fertilizações.

Além da demanda, conhecer a curva de absorção é importante. Isso porque a curva de absorção permite ao agricultor/técnico escolher a melhor época e doses dos fertilizantes a serem aplicados. Assim, são aplicadas doses condizentes com a extração da cultura em determinado intervalo de tempo, minimizando perdas no sistema solo-planta-atmosfera e desequilíbrios iônicos no solo. O entendimento do padrão de absorção ao longo do ciclo dos nutrientes por novas cultivares é importante para a proposição do melhor manejo da adubação e alcance da maior produtividade.

Metodologia:

 

A couve flor Barcelona foi semeada em bandejas de onde foram transplantadas para o campo em 17/08/2020. A população final estimada foi de 27.777 plantas por hectare (espaçamento de 60 x 60 cm). Foram realizadas coletas de plantas aos 24, 38, 49, 63, 74 e 84 dias após o transplante. As partes das plantas foram separadas em folhas e em inflorescência (quando havia), secas em estufa e levadas a laboratório para análise dos teores de nutrientes.

RESULTADOS E OBSERVAÇÕES

 

O peso médio das cabeças de couve flor, foi de 1,09kg, considerado muito bom para o material. A maior parte da matéria seca e nutrientes foi acumulada nas folhas, na construção da parte vegetativa, assim, devemos salientar a importância de que N e K devem ser aplicados antes da formação da inflorescência, para a formação da planta, que neste caso ocorreu aos 55 dias após transplante das mudas.

A quantidade de N extraída foi de 422 kg/ha, assim, o solo e resíduos culturais contribuíram com 152 kg/ha. A contribuição do solo é variável e depende do teor de matéria orgânica, argila e cultivos anteriores. Para uma melhor performance do material, sugere-se aplicar entre 220 e 320 kg/ha de N em solos argilosos e até 360 kg/ha de N em solos arenosos. O parcelamento da adubação é recomendado para adequar a dose com o vigor vegetativo do material, que no caso de Barcelona, é alto.

O acúmulo de K equivaleu a 325,7 kg/ha de K2O e, da mesma forma que o N, a maior parte do K foi alocado nas folhas sendo intenso até o final do ciclo, especialmente na fase de surgimento da inflorescência. Em solos de alta fertilidade (mais de 120 mg/dm³ de K) pode ser aplicada a extração da planta. Em solos de menor fertilidade sugere-se elevar o K no solo antecedendo o transplante das mudas para 100 a 120 mg/dm³ na camada de 0-30 cm e na cultura aplicada a extração (325,7 kg/ha de K2O).

A sugestão é que as doses de N e de K podem ser divididas em quatro a cinco aplicações entre o transplante e o início da formação da inflorescência com intervalos de 7 a 10 dias, quanto maior a quantidade de aplicações, menor a possibilidade de perdas por lixiviação e outros fatores, os nutrientes ficam sempre disponíveis para a planta.

O acúmulo de P foi de 124,6 kg/ha sendo bem recuperado devido ao sistema radicular robusto do material. Normalmente as taxas de recuperação variam de 30 a 45% do P aplicado. Assim, em solos de baixa fertilidade seria necessário aplicar de 275 kg/ha a 415kg/ha de P2O5 via fontes solúveis e localizadas na linha de cultivo ou covas. Em solos argilosos aplicar a maior dose indicada. Em solos de alta fertilidade a dose de P pode ser reduzida em até 50% em comparação aos de baixa fertilidade.

As brássicas no geral apresentam alto acúmulo de Ca, maior comparativamente com outras culturas de HF, por isso esse nutriente carece de boa correção do solo (calagem e em solos mais pobre também gessagem). A complementação de Ca via superfosfato simples (fonte principal de P) e com nitrato de cálcio (fonte principal de N) é interessante para mater alto suprimento do nutriente à planta. Sugere-se aplicar pelo menos uma das coberturas nitrogenadas com sulfato de amônio (também fonte de S) e pelo menos uma com nitrato de cálcio ou nitrabor (também fonte de Ca). A correção do solo com calcário dolomítico permite suprir a demanda de Mg pela planta. Complementações com fontes solúveis podem ser importantes em solos com alta fertilidade em K e Ca e baixa em Mg. O acúmulo de B foi de 665,8 g/ha e a maior parte acumulada nas folhas, normalmente as taxas de recuperação de B variam de 5 a 10% e isso equivale a necessidade de 6,5 a 10 kg/ha de B. Aplicar parte do B na correção do solo, parte no adubo de plantio e parte nas adubações de cobertura em conjunto com N e K.

CONCLUSÕES – IPACER

 

•   A maior parte dos nutrientes são acumulados nas folhas e com acúmulo intenso a partir da formação da inflorescência. Antecedendo a formação da inflorescência (por volta de 55 dias) grande parte da adubação de cobertura deve ter sido aplicada;

•   Adubar 40 kg/ha de N via adubo de transplante e mais cinco coberturas (7, 15, 25, 37 e 50 dias após o transplante) com 40 a 60 kg/ha de N em cada aplicação;

•   Adubação potássica deve ser parcelada em transplante e mais cinco aplicações e finalizar até uma semana após o surgimento da inflorescência. Elevar o K do solo para 100 mg/dm³ e aplicar mais 325 kg/ha de K2O. Sugere-se aplicar 55 kg/ha de K2O no transplante e aos 7, 17, 27, 37 e 47;

•   Considerar fertilidade do solo e textura para adubações fosfatadas que podem variar de 275 a 415 kg/ha de P2O5. Dar preferência para aplicação localizada do P com fontes solúveis.

•   Aplicar de 6,5 a 10 kg/ha de B com uso de fontes de solubilidade gradual em pré-transplante e transplante ou fontes solúveis parceladas;

•   Aplicar de 6 a 9 kg/ha de Zn incorporado no canteiro antes do transplante das mudas. As maiores doses devem ser aplicadas em solos argilosos ou com pH elevado.

•   Reduzir coberturas com N se a área tiver alto residual do nutriente de cultivos anteriores e a dose de K se o teor no solo for maior que 150 mg/dm³;

•   Elevar o pH do solo entre 5,8 e 6,0 na camada de 0-30 e adequar K para 100 mg/dm³ nessa camada durante a correção do solo;

•   Adubo 06.30.06 ou similar deve conter 0,3% de B e 0,3% de Zn;

•   Dose de 06.30.06 indicada para solos argilosos de baixa fertilidade. Para solos de alta fertilidade ou arenosos pode ser reduzida a dose em até 30% compensando o N e K com outras fontes na cobertura aos 7 dias após o transplante. Menor dose de supersimples em solos arenosos e a maior nos de baixa fertilidade e argilosos;

•   Não misturar nitrato de cálcio com sulfato de magnésio em tanque de dissolução no caso de fertirrigação e dar preferência por intervalo de dois dias entre as aplicações indicadas. O sulfato de magnésio pode ser omitido em solos com pelo menos 0,9 cmolc/dm³ de Mg2+ na camada de 0-30 cm;

•   Avaliar a qualidade física, biológica e química do solo e considerar condições climáticas para utilizar as indicações acima. Sempre consultar o especialista em fertilidade do solo e nutrição de plantas para que as interações entre adubação, práticas culturais e clima sejam contempladas nas recomendações de corretivos e de fertilizantes.

 

Fontes:

1. IPACER - Instituto de Pesquisa Agrícola do Cerrado. 2021. Curva de absorção da couve flor Barcelona – Janeiro 2021. Rio Paranaíba, MG.

Em todas as resistências foram utilizados os nomes científicos das doenças e pragas. Para mais informações sobre nome popular, sintomas, danos econômicos e presença da doença/praga na sua região consulte técnicos locais. Todas as informações sobre os híbridos/variedades e seu desempenho, fornecidas oralmente ou por escrito pela D&PL do Brasil LTDA. (produtos com a marca Seminis), seus funcionários ou representantes, são dadas de boa fé e não como garantia da D&PL do Brasil LTDA. quanto ao desempenho dos híbridos vendidos. O desempenho pode depender de condições climáticas, de solo, de manejo e outros fatores. A agressividade de doenças e pragas é altamente influenciada por condições ambientais, histórico da área e pela variabilidade biológica, exigindo um manejo integrado que considere diferentes medidas e ações. A resistência genética é apenas uma ferramenta dentro deste contexto.

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