
- O míldio é uma das doenças foliares mais destrutivas em pepinos.
- Causa perdas significativas tanto em campo aberto quanto em cultivos protegidos.
- O manejo requer uma integração de métodos culturais e de resistência.
SINAIS E SINTOMAS
O míldio pode afetar plantas de todas as idades, mas em muitas regiões produtoras, ele aparece no final da safra.1,2 A infecção restringe-se principalmente às folhas, mas a redução resultante na área fotossintética provoca o raquitismo das plantas, rendimentos reduzidos e ressecamento do fruto, seguido de desfolhamento. Os sintomas iniciais são pequenas manchas cloróticas na superfície superior da folha, muitas vezes desenvolvendose primeiro nas folhas mais antigas, na base da planta (Figura 1). As lesões expandem-se e assumem uma forma angular, uma vez que são ligadas pelas veias principais da folha. O tecido infectado eventualmente se torna necrótico (morto) levando à morte da folha e ao desfolhamento. O crescimento de mofo de cor cinza a roxo desenvolve-se na parte inferior das folhas (Figura 1).

CONDIÇÕES
O míldio do pepino é causado pelo fungo Pseudoperonospora cubensis, membro do grupo dos Oomicetos. O patógeno do míldio é um parasita obrigatório que precisa de plantas vivas de cucurbitáceas para crescer e sobreviver. Ele não sobrevive sob frio intenso (inverno rigoroso), porém o patógeno sobrevive em cucurbitáceas vivas em áreas com inverno ameno ou em plantas cultivadas em ambientes protegidos. O patógeno é disseminado pelo esporângio e se levado pelo vento pode percorrer até 966 Km em 48 horas em correntes de ar. Assim o inoculo de plantas infectadas em uma determinada região (campo aberto ou cultivo protegido), pode ocasionar o aparecimento da doença em plantas cultivadas em áreas distantes mais cedo do que seria esperado.1,6
Infecções e o desenvolvimento de doenças ocorrem mais rapidamente durante períodos com temperaturas moderadas (15-20°C) e noites frias. O desenvolvimento da doença é retardado por temperaturas quentes (> 35 °C), enquanto períodos de neblina, chuva e orvalhos frequentes são favoráveis para a infecção. Os sintomas geralmente se desenvolvem de três a doze dias após a infecção, dependendo da temperatura e dos níveis de umidade presentes, com novos esporângios formados em até quatro dias.²
MANEJO
O manejo do míldio requer uma abordagem integrada que inclui redução de exposição das folhas a umidade, e também o uso de variedades resistentes a doenças, bem como a aplicação de fungicidas. Como a doença não sobrevive ao inverno rigoroso, mas é trazida de outras áreas pelo vento, a sua não é afetada pela rotação de culturas ou limpeza pós-colheita, porém estas práticas devem ser mantidas como forma de prevenção contra outras doenças.5
Minimizar períodos de umidade da folha pode diminuir a incidência e a gravidade do míldio. Aumentar o fluxo de ar nas plantas, selecionando locais com boa circulação de ar, aumentando o espaçamento entre elas ou com treliças pode ajudar a folhagem a secar mais rapidamente.1,2 Evitar a irrigação aérea pode ajudar a manter as folhas secas e reduzir os níveis de doença.
No passado, o uso da resistência à doença era muito eficaz para controlar o míldio no pepino, e hoje a maioria das variedades comerciais têm algum nível de resistência ao míldio. Mesmo uma resistência parcial pode retardar o aparecimento da doença, a propagação dentro de um campo e resultar em sintomas menos graves e reduzir as perdas de rendimento.² Uma forma de resistência ao míldio identificada em 1954 tem sido amplamente utilizada e eliminou a necessidade de uso de fungicidas para o manejo do míldio durante quase 50 anos nos EUA.7
Desde 2004, graves epidemias de míldio ocorreram em pepinos nas regiões Leste e Centro-Oeste dos EUA. Essas epidemias foram causadas por novas cepas do patógeno que podem superar formas de resistência previamente eficazes.
A resistência melhorada ao míldio recentemente foi disponibilizada em variedades destinadas ao mercado fresco como Bristol e variedades para conservas como Citadel e Peacemaker da Seminis. Esta forma intermediária de resistência deve ser usada juntamente com a aplicação de fungicidas eficazes para ajudar a garantir níveis de controle aceitáveis em situações de alta pressão de doença.7
As aplicações de fungicidas são mais eficazes quando usadas em combinação com variedades resistentes a doenças e outros métodos de controle. São necessárias elevadas pressões de pulverização e altos volumes de aplicação para garantir uma cobertura adequada do produto, e as aplicações devem ser feitas antes de chuvas, para que os tratamentos tenham tempo de secar.
Vários fungicidas estão disponíveis para controlar o míldio, incluindo fungicidas protetores e erradicantes. Protetores, incluindo clorotalonil, compostos à base de cobre, e mancozebe podem ser usados sozinhos para proteger as plantas da infecção no início da safra. Quando a doença aparece, serão necessários erradicantes que penetram no tecido, porém é importante lembrar que só devem ser usados produtos registrados para a cultura do pepino, além de respeitados os períodos de carência informados no rótulo.4
O agente patogênico do míldio pode selecionar resistência aos fungicidas de forma relativamente rápida, e os produtos que proporcionavam um bom controle há apenas alguns anos deixarem de ser eficazes, assim é importante seguir uma estratégia integrada de prevenção e controle, garantindo a extensão do tempo de controle e eficácia destes fungicidas.
Para prevenir ou retardar o desenvolvimento de novas cepas resistentes, recomenda-se que os fungicidas erradicantes sejam misturados em tanque com um fungicida protetor e/ou alternados com aplicações de fungicidas que têm diferentes modos de ação, sempre respeitando as recomendações dos fabricantes.
A determinação da necessidade e da frequência de aplicações de fungicidas pode ser melhorada pelo uso de um modelo de monitoramento de presença e pressão do patógeno (verificar sintomas acima descritos) e da previsão das condições climáticas favoráveis a doença. Existem vários sites e aplicativos de clima disponíveis, que podem auxiliar na antecipação das condições favoráveis.
Os níveis de risco mais elevados ocorrem quando as condições são de tempo nublado com provável precipitação, o que favorece a sobrevivência e a deposição do inóculo do míldio.
Fontes:
1. Zitter, T.A., Hopkins, D.L., Thomas, C.E. 1996. Compendium of cucurbit diseases. The American Phytopathological Society. St. Paul, MN
2. Colucci, S.J. and Holmes, G.J. 2010. Downy mildew of cucurbits. The Plant Health Instructor. DOI: 10.1094/PHI-I-2010-0825-01.
3. Keinath, A.P. 2015. Cucurbit downy mildew management for 2015. Clemson Cooperative Extension. Horticulture: Plant Pathology. IL 90 - Rev. April 2015.
4. Reiners, S. and Seaman, A. 2016. Cornell integrated crop and pest management guidelines for commercial vegetable production.
5. Egel, D. S. 2016. Midwest vegetable production guide for commercial growers
6. Hausbeck, M. 2015. Cucumber downy mildew makes an early appearance in Michigan. http://msue.anr.msu.edu/news/cucumber_downy _mildew_makes_an_early_appearance_in_mich igan.
7. Holmes, G.J., Ojiambo, P.S., Hausbeck, M.K, Quesada-Ocampo, L., and Keinath, A.P. 2015. Resurgence of cucurbit downy mildew in the United States: a watershed event for research and extension. Plant Disease 99:4, 428-441.
8. The cucurbit downy mildew forecast homepage. http://cdm.ipmpipe.org.
Em todas as resistências foram utilizados os nomes científicos das doenças e pragas. Para mais informações sobre nome popular, sintomas, danos econômicos e presença da doença/praga na sua região consulte técnicos locais. Todas as informações sobre os híbridos/variedades e seu desempenho, fornecidas oralmente ou por escrito pela D&PL do Brasil LTDA. (produtos com a marca Seminis), seus funcionários ou representantes, são dadas de boa fé e não como garantia da D&PL do Brasil LTDA. quanto ao desempenho dos híbridos vendidos. O desempenho pode depender de condições climáticas, de solo, de manejo e outros fatores. A agressividade de doenças e pragas é altamente influenciada por condições ambientais, histórico da área e pela variabilidade biológica, exigindo um manejo integrado que considere diferentes medidas e ações. A resistência genética é apenas uma ferramenta dentro deste contexto.