Murcha de Fusarium em Alface

Murcha de Fusarium em Alface

  • O Fusarium pode causar perdas significativas no potencial de produção.
  • Os sintomas incluem o amarelecimento das folhas, murcha, descoloração dos vasos, danos nas raízes e morte da planta.
  • O manejo mais recomendado visa manter a quantidade de inóculo no solo baixa, procurando usar materiais com resistência genética.

A murcha de Fusarium é causada pelo fungo Fusarium oxysporum f.sp. lactucae. Apesar de colonizar outros hospedeiros, este patógeno causa doença somente em alfaces. Hoje existem pelo menos 2 raças no país, mas mais trabalhos são necessários para manter essas raças rastreadas; nos Estados Unidos foi identificada a raça 1, mas em outros lugares do globo já foram identificadas até 4 raças1,2.

Sintomas:

Os sintomas podem variar de acordo com a suscetibilidade do material, a quantidade de inóculo no solo, além das temperaturas do ambiente (ar e solo). O fungo infecta as raízes secundárias e coloniza o xilema (tecido que conduz a água e nutrientes). Essa infecção no xilema leva a uma baixa no fluxo de água e nutrientes para a parte superior da planta, percebida através da murcha.

As folhas passam a apresentar também amarelecimento, que pode levar a eventual necrose das folhas e morte da planta (Figura 1)2,3. Esse colapso da planta, quando severo, leva a não formação da cabeça. Em plantas mais velhas, o amarelecimento das folhas pode vir acompanhado de queima das bordas e podem se desenvolver em coloração marrom ou preta no tecido vascular. A parte superior da planta também pode não desenvolver nenhum sintoma, apesar da raíz estar extremamente afetada. Mudas também podem murchar e morrer. Raízes afetadas geralmente apresentam descoloração avermelhada ou marrom no sentido da cabeça, principalmente na raiz principal. O centro da raiz principal pode estar extensamente afetada.1,4

Os sintomas do fusarium podem ser confundidos com murchas causadas por outras doenças, incluindo murcha de Verticillium, Sclerotinia sclerotiorum e S. minor, mofo cinzento, doenças bacterianas, etc. Todas essas doenças podem resultar em murcha e colapso da planta. Dentre os vários sintomas, a descoloração da raiz principal que fica posteriormente com coloração avermelhada/marrom é o mais comum.2,3,4

Ciclo da doença e condições:

O fungo é um patógeno de solo, amplamente distribuído no ambiente e nos restos culturais. Inóculos podem ser carregados pelo vento, agua da chuva, inundações e nos equipamentos e implementos agrícolas. 1,2. Os esporos possuem uma meia-vida no solo de aproximadamente 6 meses. Porém, uma vez infestado o ambiente, é muito difícil ele ser eliminado, permanecendo indefinidamente, sobrevivendo nas raízes das alfaces e plantas daninhas que coloniza. Esse fungo já foi encontrado nas raízes de brócolis, couve flor e espinafre, que geralmente são culturas utilizadas para a rotação com a alface. O nível de infestação varia nessas 3 culturas, sendo o brócolis o hospedeiro menos preferencial; couve flor geralmente é um bom hospedeiro e no espinafre, cerca de 50% das plantas apresentaram o fungo, após inoculação.1,5 o patógeno também foi encontrado nas raízes de materiais de alface caracterizadas como resistentes. Como nem sempre há correlação com os sintomas da parte aérea com os danos nas raízes, os níveis de infestação podem aumentar ao longo dos anos, mesmo fazendo uso de materiais com resistência genética.5 Dispersão local ocorre através do movimento do solo de uma área para outra, ou através de restos culturais. Dispersões a longas distâncias são primariamente através de sementes contaminadas.1,3

O desenvolvimento da doença e expressão dos sintomas são afetados pela densidade do inóculo e temperatura do ambiente. Sintomas mais severos estão relacionados com maiores incidências do patógeno; que também pioram em temperaturas mais elevadas (entre 22 e 32°C).1,3 Na California, os campos de alface transplantados em junho são mais severamente atacados que os transplantados em julho e agosto devido as temperaturas no começo do desenvolvimento da cultura.

Manejo:

Evitar o plantio de materiais suscetíveis em campos com histórico de doença; utilizar somente mudas com procedência e de viveiros que efetuem boas práticas de manejo; limpar os implementos utilizados em diferentes áreas, para que uma área contamine a outra; como os sintomas demoram a aparecer, a prática de limpeza entre as áreas é muito efetiva para evitar que a doença se alastre na propriedade.1,2,3,4

Ouras estratégias de manejo incluem realizar a solarização do solo, fumigação, e de aplicação mais prática, o uso de produtos biológicos, junto com a rotação com culturas não preferenciais (lembre-se de evitar brócolis, couve flor e espinafre), por pelo menos 3 anos.1,2,4

As empresas de sementes têm aumentado seus esforços na busca de materiais resistentes, e isso inclui avaliar não apenas os sintomas na parte aérea, como também na raiz (minimizando a possibilidade de aumento do inóculo no solo). 

Fontes:

1 Gordon, T. and Koike, S. 2017. Fusarium wilt. In: Compendium of Lettuce Diseases and Pests, 2nd Ed. Subbarao, K., Davis, M., Gilbertson, R., and Raid, R. eds. The American Phytopathological Society, St Paul.
2 Sandoya, G. Murray, J., Raid, R., and Miller, C. 2020. Fusarium wilt: a new threat to Florida lettuce production. UF-IFAS Extension. University of Florida, publication HS1385. https://edis.ifas.ufl.edu/publication/HS1385.
3 Gordon, T. and Koike, S. 2015. Management of Fusarium wilt of lettuce. Crop Protection 73:45-49.
4 Koike, S. and Turini, T. 2017. Fusarium wilt. UC-IPM. Lettuce Pest Management Guidelines. https://www2.ipm.ucanr.edu/agriculture/lettuce/fusarium-wilt/.
5 Scott, J. C., McRoberts, D. N., and Gordon, T. R. 2014. Colonization of lettuce cultivars and rotation crops by Fusarium oxysporum f. sp. lactucae, the cause of Fusarium wilt of lettuce. Plant Pathology 63:548-553.
6 Matheron, M. and Porchas, M. 2010. Evaluation of soil solarization and flooding as management tools for Fusarium wilt of lettuce. Plant Disease 94:1323-1328.

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