• Estão disponíveis variedades de milho doce com proteção contra insetos incorporada através de biotecnologia.
• Os genes Bt podem proporcionar proteção contra a lagarta da espiga e outros insetos causadores de danos.
• O manejo integrado é necessário para o monitoramento de insetos-pragas, podem ser necessárias aplicações de inseticidas para o controle adequado, além da adoção de área de refúgio (área com variedades sem biotecnologia Bt incorporada).
Resistência de insetos baseada em BT
As variedades comerciais de milho que contém genes para a proteção contra insetos a partir da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt) foram disponibilizadas pela primeira vez em 1996. Essas variedades são protegidas contra certos insetos lepidópteros, incluindo a broca europeia do milho e lagarta da espiga. Em 2003, outros genes de Bt que transmitiam proteção contra insetos coleópteros, tais como as larvas da raiz do milho, tornaram-se disponíveis em variedades comerciais de milho convencional. Os genes Cry derivados do Bt permitem que a planta produza proteínas de cristal (Cry) que, uma vez ingeridas, rompem o trato intestinal de insetos-alvo, levando os a morte. As proteínas Cry são muito específicas, com toxicidade para uma estreita gama de insetos. Isto significa que têm pouco ou nenhum efeito sobre organismos não-alvo, incluindo insetos benéficos, como predadores e abelhas. Outra classe de proteínas Bt tóxicas para insetos, as proteínas inseticidas vegetativas (Vip), também transmite proteção contra uma variedade de insetos-pragas através de um mecanismo diferente. Estes vários genes Bt encontram-se agora disponíveis em determinadas variedades de milho doce para permitir o manejo de importantes insetos-pragas.1,2
Toxinas BT múltiplas
Vários genes Cry foram isolados a partir do organismo Bt, e através do uso da biotecnologia, estes genes foram transferidos para culturas de milho doce. Cada gene Cry produz uma versão da toxina Bt, e as várias toxinas têm gamas diferentes de atividade contra grupos específicos de insetos. As variedades de milho doce Performance Series®, da Seminis, contêm dois genes Cry (Cry1A.105 e Cry2Ab2) que protegem contra vários insetos lepidópteros, incluindo a lagarta da espiga e a broca europeia do milho. A proteína Cry2 é particularmente eficaz contra a lagarta do cartucho.³ Outros insetos tipo broca também são controlados por estas duas proteínas Cry. Uma preocupação com o uso de genes Bt simples para a proteção contra insetos é que este método cria pressão de seleção sobre os insetos-alvo, potencialmente levando ao desenvolvimento de biótipos do inseto que são resistentes aos efeitos da toxina. O uso de múltiplos genes Bt (piramidamento de genes) resulta em plantas que produzem múltiplas toxinas com diferentes modos de ação (MOA), o que ajuda a prevenir o desenvolvimento de insetos resistentes ao Bt. Se um inseto desenvolve resistência a uma toxina, ele ainda será morto pela outra toxina que está presente. A aplicação de inseticidas com MOAs diferentes também ajuda a prevenir o desenvolvimento de populações de insetos resistentes.
Manejo da lagarta da espiga
Os híbridos de milho doce Bt mostraram-se significativamente superiores aos híbridos tradicionais não-Bt, independentemente da frequência de aplicação de inseticidas, para o manejo da lagarta da espiga. O uso de híbridos Bt também resultou em uma redução acentuada no uso de inseticidas convencionais para o manejo de lepidópteros-pragas, como a lagarta da espiga.4 Embora os eventos de proteção contra insetos das variedades Bt possam ser suficientes para o manejo adequado da lagarta da espiga no milho doce em algumas circunstâncias, pode não ser suficiente quando as populações de insetos são altas. Nesses casos, as variedades Bt precisarão ser tratadas com um inseticida para controle adequado da lagarta da espiga.³ Os produtores de milho doce precisam continuar a monitorar os campos como de costume para detectar se as pragas alvo estão presentes e se um inseticida apropriado deve ser usado de acordo com as recomendações do rótulo.
Geralmente a lagarta da espiga é um inseto-praga com sério impacto para a cultura de milho doce. As fêmeas depositam os ovos no estigma do milho, e quando os ovos eclodem, as larvas começam a se alimentar do material do estigma e descem pelo canal do estigma até a espiga. Na espiga, as larvas se alimentam dos grãos em desenvolvimento.
As larvas da lagarta da espiga precisam se alimentar de tecidos que contenham a toxina Bt para morrer.5 Esse tecido pode ser o estigma para variedades com canais longos de estigma e para ovos depositados no início do período de desenvolvimento do estigma. Conforme o tempo de polinização aumenta, menos tecido de estigma resta para as larvas para se alimentarem e/ou os ovos são colocados mais perto da ponta da espiga. Isso resulta em larvas atingindo a espiga e se alimentando dos grãos antes de consumirem a toxina o suficiente para ser letal. Uma pequena parte comida na ponta da espiga pode ser aceitável, mas uma parte substancial afetada tornará as espigas fora de padrão comercial ou para processamento na indústria de conservas.
Programas de monitoramento de armadilhas de feromônio para lagarta da espiga geralmente têm um limiar de 3-5 mariposas por noite para o início de um programa de pulverização de inseticida em milho doce não Bt. O controle e monitoramento de armadilhas de feromônios deve começar antes do primeiro estigma e continuar até a colheita no milho doce. O evento Bt reduz a necessidade de algumas aplicações de inseticidas, mas aplicações de inseticidas podem ser necessárias em níveis de infestação elevados.
Plante refúgio
A fim de reduzir as probabilidades de os insetos desenvolverem resistência às toxinas Bt em culturas de grandes superfícies, tais como soja, milho e algodão, certas percentagens do campo devem ser semeadas com versões não Bt das culturas para atuarem como um refúgio para os insetos. Áreas de refúgio consistem em plantio de milho não Bt na proporção de, pelo menos, 10% do total da área semeada com milho doce na propriedade rural. A Área de Refúgio deve estar localizada na distância máxima de 800 metros da lavoura com milho híbrido com biotecnologia. As Áreas de Refúgio deverão ser conduzidas como qualquer área de milho não Bt, com pulverizações de inseticidas e adoção de outros métodos de controle, sempre que as populações das pragas atingirem o nível de ação, detectado por meio do monitoramento pelo Manejo Integrado de Pragas. Não é recomendado o uso de inseticidas formulados à base de Bt nas Áreas de Refúgio.
Fontes:
1. Hellmich, R. L. and Hellmich, K. A. 2012. Use and impact of Bt maize. Nature Education Knowledge 3(10):4.
2. Palma, et al. 2012. Vip3, a novel class of vegetative insecticidal proteins from Bacillus thuringiensis. Appl. Environ. Microbiol. Vol. 78:7163-7165.
3. Weinzierl, R. W. 2016. Preparing for corn ear worm. In Illinois Fruit and Vegetable news; Vol. 22, No. 3.
4. Shelton, A. M., et al. 2013. Multi-state trials of Bt sweet corn varieties for control of the corn ear worm (Lepidoptera: Noctuidae). Journal of Economic Entomology, 105, 2151-2159.
5. Bessin, R. Bt-corn: 2003. What it is and how it works. Entfact-130. University of Kentucky Cooperative Extension Service.
Em todas as resistências foram utilizados os nomes científicos das doenças e pragas. Para mais informações sobre nome popular, sintomas, danos econômicos e presença da doença/praga na sua região consulte técnicos locais. Todas as informações sobre os híbridos/variedades e seu desempenho, fornecidas oralmente ou por escrito pela D&PL do Brasil LTDA. (produtos com a marca Seminis), seus funcionários ou representantes, são dadas de boa fé e não como garantia da D&PL do Brasil LTDA. quanto ao desempenho dos híbridos vendidos. O desempenho pode depender de condições climáticas, de solo, de manejo e outros fatores. A agressividade de doenças e pragas é altamente influenciada por condições ambientais, histórico da área e pela variabilidade biológica, exigindo um manejo integrado que considere diferentes medidas e ações. A resistência genética é apenas uma ferramenta dentro deste contexto.