Viroses em cucurbitáceas:

As doenças causadas por vírus, ao contrário das bacterianas e fúngicas, geralmente não permitem diagnósticos simples e fáceis, baseados no conjunto de sintomas e condições do ambiente. Essas doenças precisam de diagnósticos laboratoriais mais complexos, baseados em métodos como ELISA e moleculares (PCR, RT PCR). As principais viroses que acometem as culturas são PRSV-W, ZYMV, CMV, SqMV e mais recente, o ZLCV; pertencentes a diferentes gêneros e com diferentes formas de transmissão.

PRSR-W e ZYMV (Papaya ring spot virus – watermelon e Zucchini yellow mosaic virus):

Pertencentes ao gênero Potyvirus, são compostos por uma molécula de RNA simples, causam sintomas de mosaico nas folhas, reduzindo também a qualidade e quantidade de frutos. Podem ser transmitidos mecânicamente, o que significa dizer que se um instrumento de corte é utilizado para cortar um fruto de uma planta infectada, ao cortar outra planta, que não esteja apresentando a doença, o vírus será transmitido a esta, aumentando sua incidência no campo. Também podem ser transmitidos através de afídeos (A. gossypii e M.persicae), de maneira não persistente (Pinto, 2003). Não há relatos de transmissão via semente de PRSR-W, porém há de ZYMV (Al-Musa, 1988; Greber et al., 1998; Schrijwerkers et al., 1991). 

CMV (Cucumber mosaic virus):

Pertence ao gênero Cucumovirus, de 3 moléculas de RNA simples, causa sintoma de mosaico nas folhas, com aparência de mosqueado, retorcidas e enrugadas; os frutos ficam menores e apresentam deformações e verrugas (Kimati et al.,1997). Este vírus possui uma ampla gama de plantas hospedeiras, podendo ser transmitido pelas sementes e mecanicamente. A transmissão também pode ocorrer via várias espécies de afídeos (Pinto, 2003).

SqMV (Squash mosaic virus):

Pertencente ao gênero Comovírus, causa sintomas de mosaico e mosqueado nas folhas de abobrinha. Pode ser transmitido através das sementes, o que aumenta seu poder de disseminação, uma vez que pode ocorrer em novas áreas. A transmissão também pode se dar através de insetos da ordem Coleoptera, como a vaquinha (D. speciosa, D. bivitula), de maneira persistente (ZITTER et al., 1996). 

ZLCV (Zucchini lethal chlorosis virus):

Pertencente ao gênero Tospovirus, este vírus, até a presente data, foi reportado apenas no Brasil (Camelo-García et al., 2015). É transmitido por tripes (Thysanoptera: Thripidae), onde é persistente propagativo, ou seja, capaz de infectar por toda a vida do inseto. Pode também ser transmitido mecanicamente para plantas de outras famílias, como pimentão e tabaco. Causa na abobrinha sintomas como folhas de aparência clorótica, com bordos curvados para cima; as plantas infectadas morrem em pouco tempo, principalmente se a infecção ocorrer antes do surgimento das flores (Bezzerra et al. 1999; Rezende et al. 1997).

Figura 1. Sintoma de virose em planta de abobrinha

GRSV (Groundnut ringspot virus):

Por enquanto existem poucos relatos desse vírus da família Tospovirus, afetando melancia; causa manchas necrcóticas nas folhas e pode atacar frutos também, transmitido principalmente por tripes (Frankliniella schultzei), que é a espécie predominante nas regiões produtoras de São Paulo (Leão, 2015).

Manejo de viroses no campo:

Assim como ocorre com doenças causadas por bactérias e fungos, a rotação de culturas auxilia, junto com outras práticas, na redução da incidência de doenças viróticas no campo. A eliminação de plantas com sintomas, logo que elas ocorrem, junto com a desinfestação constante dos implementos/utensílios utilizados nas práticas agrícolas devem ser recorrentes. Um bom controle das pragas deve ser realizado desde o momento que as mudas saem do viveiro, pois essas pragas atuam frequentemente como vetores de viroses. Utilize sempre produtos com registro na cultura e respeite o período de carência. Mesmo com todos esses cuidados, considere que a incidência dessas doenças também depende de fatores como clima, qualidade das mudas/sementes, etc.

Fontes:

Al-Musa, A.M. Oversummering hosts for some cucurbit viruses in the Jordan Valley. Journay of Phytopathology, v.127. p.49-54, 1989.

Bezerra IC, Resende RO, Pozzer L, Nagata T, Kormelink R, Ávila AC (1999) Increase of tospoviral diversity in Brazil with the identification of two new tospovirus species, one from chrysanthemum and one from zucchini. Phytopathology 89:823–830

Camelo-García, V.M., Lima, É.F.B. & Rezende, J.A.M. Identification of natural hosts of Zucchini lethal chlorosis virus . Trop. plant pathol. 40, 345–349. 2015.

Greber, R. S.; Perley, D.M.; Herrington, M.E. Some characteristics of Australian isolates of Zucchini yellow mosaic virus. Australian Journal of Agricultural Research, v. 39, p. 1085-1094, 1998.

Kimati, H.; Amorim, L; Bergamin Filho, A.; Camargo, L.E.A.; Rezende. J.A.M. Manual de Fitopatologia, 3. Ed. São Paulo: Editora Agroceres, 1997. V.2, 776p: Doenças das plantas cultivadas.

Leão, Evelynne Urzêdo. Caracterização do Groundnut ringspot virus (GRSV) e seu vetor. Tese. Botucatu. 58p. 2015.

Pinto, Zayame Vegette. Efeito da origem dos isolados do Cucumber mosaic virus (CMV) e da presença de dois potyvirus na transmissão do CMV para abobrinha de moita por meio de duas espécies de afídeos. Piracicaba. 47p. 2003.

Rezende JAM, Galleti SR, Pozzer L, Resende RO, Ávila AC, Scagliusi SMM (1997) Incidence, biological, and serological characteristics of a tospovirus in experimental fields of zucchini in São Paulo State, Brazil. Fitopatol Bras 22:92–95

Schrijnwerkers, C.C.F.M.; Huijberts, N.; Bos, L. Zucchini yellow mosaic virus; two outbreaks in the Netherlands and seed trasmissibility. Netherlands Journal of Plant Pathology, v.97, p. 187-191, 1991.

ZITTER, T. A.; HOPKINS, D. L.; THOMAS, C. E. (Ed.). Compendium of cucurbit diseases. St. Paul, Aps Press, 1996. 87 p. il.

Para ter essas dicas com você, baixe o PDF completo clicando aqui!

This browser is no longer supported. Please switch to a supported browser: Chrome, Edge, Firefox, Safari.