• Os tecidos dos brócolis contêm compostos glucosinolatos, que podem ter propriedades benéficas para as plantas e para os humanos.
• Esses compostos são quebrados em isotiocianatos, que contribuem para a supressão de plantas daninhas e organismos patogênicos.
• Outros fatores associados com os restos da cultura do brócolis no solo mostram que os glucosinolatos têm efeitos no desenvolvimento de doenças em solos supressivos.
Produtores agrícolas têm confi ado no brócolis e outras brássicas (como couve-flor e repolho) como culturas de rotação, para ajudá-los a manter a saúde do solo e reduzir a pressão de doenças de solo. Essas culturas contêm compostos chamados glucosinolatos, que podem desempenhar um papel na supressão de doenças.
O que são glucosinolatos?
São compostos que contêm enxofre, encontrados naturalmente nas brássicas, como brócolis e repolho¹. Esses compostos, quando quebrados pela enzima mirosinase, também presentes nas brássicas, são convertidos em outros compostos, incluindo isotiocianatos (ITCs). ITCs foram encontrados atuando na proteção das plantas contra doenças e também são úteis na biofumigação, quando restos de cultura de brássicas são incorporados no solo como adubos verdes.
Mais de 130 compostos glucosinolatos foram caracterizados, diferentes compostos são produzidos por diferentes espécies de brássicas, e vários glucosinolatos podem ser encontrados nos diferentes tecidos (ex: os encontrados em raízes são diferentes dos encontrados nas folhas) da mesma planta². Os compostos glucosinolatos encontrados no brócolis incluem sinigrina, glucorafanina e gluconapina, com os maiores níveis encontrados nas folhas, botões florais, sementes e brotos. A quantidade de glucosinolatos produzidos pelos tecidos do brócolis é afetado pelo solo e condições climáticas, assim como pela fertilização recebida, manejo da cultura e época do ano (primavera ou outono)². Glucosinolatos e seus derivados estão virando foco de várias pesquisas por causa do seu papel na defesa da planta, efeitos na saúde do solo e seu potencial benefício na saúde de pessoas que consomem as brássicas como o brócolis.
Um estudo sobre os efeitos dos glucosinolatos produzidos pelas brássicas em duas bactérias e dois fungos causadores de doenças, mostrou que esses derivados inibiram o crescimento desses patógenos em meio de cultura e que o nível de inibição variava de acordo com a quantidade de compostos testados. Esse estudo também mostrou que diferentes patógenos respondem de forma diferente a compostos específi cos, o que significa que a habilidade de resposta de uma planta a um patógeno depende dos compostos presentes na planta e as diferentes raças do patógeno envolvido³.
Saúde do solo
Além de ser um fator de resistência a doenças de uma planta, glucosinolatos e isotiocianatos podem ser úteis no controle de doenças do solo. Biofumigação é um processo onde o resíduo da cultura de brássicas, como brócolis e repolho, são incorporados no solo, com o propósito de controlar bactérias, fungos, nematoides e plantas daninhas4.5. Essa supressão é causada pela liberação de isotiocianatos dos restos macerados e em decomposição do brócolis ou repolho.
Estudos em laboratórios têm mostrado consistentemente os efeitos tóxicos dos ITCs em patógenos em meio de cultura, mas extrapolar estudos em laboratório para o campo pode ser desafiador. A quantidade de ITCs liberada no solo depende da quantidade de glucosinolatos presente nesses restos e também da quantidade de enzima mirosinase, além de fatores externos como temperatura do solo, umidade e outras condições. Além disso, a efi cácia da biofumigação com brócolis ou outras brássicas é influenciada pelo método de incorporação desses resíduos no solo e outros fatores ambientais¹².
Um estudo de campo, publicado em 1999, mostrou que a incorporação do resíduo no solo suprimiu os níveis de murcha de Verticillium nos campos de brócolis e couve-fl or que se sucederam (figura 1)4. Um estudo posterior mostrou que a rotação da cultura de morango no verão, com um campo de brócolis no inverno na Califórnia, reduziu os níveis do patógeno Verticillium dahliae no solo, diminuindo a severidade da murcha causada pelo fungo nos morangos, além de levar a um maior crescimento das plantas e maior produtividade, quando comparado com a rotação com outras culturas, que não as brássicas6
Outros estudos têm mostrado que os restos de culturas de brássicas podem inibir uma ampla gama de patógenos, incluindo bactérias fi topatogênicas como Ralstonia solanacearum, Pseudomonas marginalis e Streptomyces scabies, nematoides dos cistos, e fungos como Sclerotinia minor, Sclerotinia sclerotiorum, Verticilium dahliae, Rhizoctonia solani, Aphanomyces euteiches e Phytium ultimum. O uso de restos de cultura da mostarda mostrou a diminuição dos níveis de doença Sclerotinia minor em alface, além de aumentar a produtividade. As cabeças também ficaram maiores nas partes do campo tratadas com mostarda do tipo Ida Gold, que produz altos níveis de glucosinolatos. Outros estudos visando o efeito das brássicas como culturas de cobertura e adubo verde com alface, não mostrou resultados, o que mostra que o modo de ação desses compostos na supressão de doenças de solo ainda é desconhecido.
Outros compostos do brócolis e brássicas, além dos glucosinolatos, parecem estar envolvidos no controle de patógenos. A adição desses restos de cultura no solo parece estimular o aparecimento de organismos benéficios, que ajudam no controle de patógenos de solo.
Outras culturas de brássicas como canola, rabanete, nabo, mostarda da índia, mostarda amarela e colza tem sido estudados pelos efeitos de supressão de doenças de solo. As vantagens do uso do brócolis e repolho como cobertura erde é que tratam-se de culturas com retorno econômico, podendo ser facilmente utilizados como opções de rotação com outras culturas.
Brócolis e saúde humana
O consumo de brócolis, repolho e outras brássicas contribui para uma dieta saudável e alguns estudos mostram que esses benefícios derivam dos glucosinolatos e isotiocianatos. Comer mais brássicas levou a redução dos riscos de desenvolver diversos tipos de câncer e desenvolver infarto do miocárdio (ataque cardíaco)5.14
Em todas as resistências foram utilizados os nomes científicos das doenças e pragas. Para mais informações sobre nome popular, sintomas, danos econômicos e presença da doença/praga na sua região consulte técnicos locais. Todas as informações sobre os híbridos/variedades e seu desempenho, fornecidas oralmente ou por escrito pela D&PL do Brasil LTDA. (produtos com a marca Seminis), seus funcionários ou representantes, são dadas de boa fé e não como garantia da D&PL do Brasil LTDA. quanto ao desempenho dos híbridos vendidos. O desempenho pode depender de condições climáticas, de solo, de manejo e outros fatores. A agressividade de doenças e pragas é altamente influenciada por condições ambientais, histórico da área e pela variabilidade biológica, exigindo um manejo integrado que considere diferentes medidas e ações. A resistência genética é apenas uma ferramenta dentro deste contexto.